Pink Money
Atualizado: 10 de jul. de 2020
Conheça mais sobre a história do Pink Money (dinheiro rosa)!

Pink Money (do português: dinheiro rosa) é a expressão usada para definir a parte da economia movimentada pelo consumo LGBTQIA+. Ou seja, quantidade de dinheiro gasta/investida pela comunidade, que hoje representa mais de três trilhões de dólares ao redor do mundo! Somente no Brasil, a consultoria LGBT - Capital estima que esses consumidores movimentam a economia com pelo menos R$160 bilhões por ano!
O termo surgiu no final da década de 1970, nos EUA, quando muitos grupos homossexuais estavam organizados juridicamente mas não tinham patrocinadores para apoiar financeiramente suas ações (publicações em jornais, congressos, artigos em revistas, etc). O movimento gay realizou um dia de protesto internacional em que toda nota de um dólar que passasse pela mão de um homossexual deveria ser riscada com uma caneta rosa no canto superior direito. De um dia para o outro, bilhões de notas amanheceram coloridas, representando a força do Pink Money. Atualmente, o termo não se refere apenas ao potencial econômico dos homossexuais, mas à toda a comunidade LGBTQIA+.
Um estudo realizado pelo IBGE em 2017 indicou que a renda média de homossexuais que moram com o parceiro/a no no país é 65% maior do que a de chefes de família homossexuais. A comparação feita mostrou que quanto mais elevada a faixa salarial, maior o número declarado de casais homossexuais e menor a presença das famílias comandadas por heterossexuais. Ademais, uma pesquisa feita pela Out Leadership, a comunidade LGBTQIA+ é responsável por gerar 7% do PIB brasileiro!
A Parada LGBTQIA+ é um exemplo claro do potencial de consumo da comunidade. Em 2019, movimentou R$403 milhões em São Paulo, um aumento de 40% em relação à 2018. É inegável o impacto na nossa economia. Entretanto, mesmo com um potencial de consumo tão grande ainda existe muito desemprego, principalmente por conta da discriminação. Uma pesquisa feita pela UFMG com a Unicamp apontou que 21,6% dos LGBTQIA+ entrevistados estavam desempregados, sendo que o índice de desemprego total do brasil é de 12,2%, segundo o IBGE, mostrando uma clara discrepância.
Felizmente, já estão surgindo startups e empresas com o objetivo de suprir esse gap no mercado e também gerar novas oportunidades de emprego. O Homo Driver é um aplicativo de transporte que opera para atender a população LGBTQIA+. Em 6 meses, a empresa já contabilizou 40 mil downloads e 6000 motoristas cadastrados, além de já valer 11,2 milhões de reais e ter sido o aplicativo de transporte oficial da Parada de 2019 em Belo Horizonte.
Outro exemplo interessante é a startup Camaleão que une pessoas LGBTQIA+ procurando por emprego com empresas que estão contratando e buscando aumentar sua diversidade. As pessoas cadastram seus currículos no site e a Camaleão se encarrega de realizar a ponte e gerar novas contratações. Cada vez mais as empresas estão compreendendo o potencial econômico da comunidade, e explorando novas oportunidades de suprir essa demanda. Entretanto, é necessário compreender que a sociedade está cada vez menos tolerante com empresas que utilizam o movimento como forma de oportunismo.
Antes de se posicionar a favor da causa LGBTQIA+ é importante se questionar se as políticas internas da organização são condizentes com seu discurso. Entidades que realizam campanhas inclusivas mas não tem diversidade dentro de sua equipe, políticas de punição para casos de discriminação e não se posicionam de forma efetiva contra casos preconceituosos, devem repensar suas atitudes e posicionamento.
Por fim, é necessário ressaltar a importância de explorar melhor todas letras da sigla LGBTQIA+, que representam uma gama de histórias, particularidades e necessidades. Ainda não existem muitas ações voltadas para transexuais, por exemplo, e criar uma representatividade maior para todas as pessoas é um caminho importante para criar um mundo mais igualitário.
Escrito por: Júlia Abi-Sâmara